domingo, 23 de janeiro de 2011

As oitavas de final do Australian Open

As oitavas de final começaram, e começaram muitíssimo bem, obrigado. Grandes jogos durante a noite de ontem e madrugada e manhã de hoje. É sempre uma pena não ter como ver todos eles. Como sempre, falo daquilo que vi e tento dar pitaco baseado em números sobre aquilo que não vi. Vamos lá.

No post de ontem lancei minhas apostas a respeito de quem sobreviveria a esta rodada e avançaria no torneio. Dos jogos de ontem na Austrália, os palpites foram: Wozniacki, Kuznetsova, Sharapova, Na Li, Verdasco, Djokovic, Wawrinka e Federer. Errei três. Vamos aos jogos.

Caroline Wozniacki x Anastasija Sevastova
Este jogo eu vi. Vi e não gostei. A partida começou bem interessante, com Sevastova dificultando demais a vida da número um do mundo, inclusive quebrando seu saque logo no primeiro game do primeiro set. A número quarenta e seis do ranking jogava com variações interessantes, tirando um pouco o peso da bola, fazendo a dinamarquesa correr muito em várias direções, subir à rede e tendo que atacar para tentar os pontos. Essa foi a chave da vitória que se construía fácil para a letã. Até que, sem que eu pudesse perceber o motivo, ela parou de jogar dessa maneira e começou a bater fundo da linha de base. Wozniacki fez o que sabe fazer muito bem: se defendeu e esperou. A quebra veio no sexto game e daí pra frente a cabeça de Sevastova se perdeu. A confiança de que poderia vencer se abalou e os erros aumentaram demais. Com muitas pancadas do fundo da quadra e poucas jogadas com as variações e bolas com mais efeito e menos peso, o jogo ficou mais para a número um do mundo até que o resultado se confirmou. É uma pena, pois a partida tinha tudo para ser uma grande surpresa e acabou se tornando mais um dos jogos de Wozniacki: ela defende, defende, defende, a adversária erra, erra, erra e no fim ela leva. A seu modo, a dinamarquesa jogou bem, mas ainda precisa aprender a definir os pontos, a atacar e agredir, caso contrário não ficará por muito mais tempo no posto que ocupa no momento no ranking.

Na Li x Victoria Azarenka
Este jogo eu também vi. Já vinha falando da chinesa e gostei de vê-la jogar contra uma adversária que corre bastante e bate muito bem na bola. A pancadaria e velocidades de sempre cansaram a número nove do mundo, que mais contra atacou do que atacou, na verdade. Na Li teve mais do que o dobro de winners e poucos erros não forçados a mais do que ela. Para quem força tanto o jogo, isso deve ser levado em consideração. Eu, particularmente, não sou fã dessa pancadaria sem variação que se tornou o tênis feminino (salve raríssimas exceções), mas, dentro do estilo, a chinesa se destaca. Além disso, vem em grande ascendente, o que foi o motivo de ter apostado em sua passagem de fase. Olho nela.

Roger Federer x Tommy Robredo
Este eu não vi. Infelizmente. Pelo que li e ouvi, o suíço teve mais um daqueles apagões e depois venceu com tranqüilidade, algo que já virou rotina em seus jogos. O que acho importante lembrar é que o número dois do mundo não joga passando bolinha, não joga com bolas altas, não joga para cozinhar a partida e vencer no erro. Federer joga o tempo inteiro no risco máximo, buscando as linhas e os golpes rápidos. Ele sempre tenta fazer com que os pontos acabem rápido. Isso, é claro, eleva o número de erros e exige um nível de concentração altíssimo. Ele não é o mestre na arte de manter o foco o jogo inteiro, então é normal que venham os apagões. O problema é que estes estão cada vez mais freqüentes e duradouros. Mesmo assim, ele continua vencendo, e vencendo bem. Uma coisa também deve ser dita: em jogos com adversários “do topo” o suíço joga com mais foco e “desliga” com muito menos freqüência do que em jogos teoricamente mais simples. Talvez ele esteja chegando ao ponto da falta de motivação para jogar. Seja como for, o atual campeão do torneio avança mais uma vez às quartas de final.

Novak Djokovic x Nicolas Almagro
Não vi o jogo também, mas não acho que tenha perdido grandes coisas. Djokovic atropelou e avançou. Um bom número de aces, poucos erros não forçados e muitos winners. Acho que o sérvio, finalmente, decidiu jogar como número três do mundo neste torneio. Acho que fará um dos melhores jogos do ano contra Berdych. É aguardar pra ver.

Francesca Schiavone x Svetlana Kuznetsova
Batalha épica na Hisense Arena! Creio que demorará para o tênis feminino ver um jogo tão duro, suado, brigado, com reviravoltas, coração, alma, dedicação e longo como este. Parabéns às duas tenistas! Apostei em Kuznetsova pois vinha em ascensão e jogando muito bem, com muita confiança e robustez, o que só aumenta os méritos da italiana, que salvou seis match points antes de vencer a partida. Sensacional! O tênis agradece.

Tomas Berdych x Fernando Verdasco
Outro jogo que não vi e errei o resultado. Não apostei no tcheco porque desde Wimbledon – que o levou ao top ten – ele não joga um tênis digno da posição que ocupa no ranking. Seus resultados desde o Grand Slam britânico são inconstantes e a pífia participação no ATP Finals do ano passado me tiraram a fé em suas qualidades. Comecei a questionar se ele não seria um daqueles atacantes no futebol que entra em um jogo, faz cinco gols e nunca mais se ouve falar dele. Um jogador de um torneio só, sabe? Verdasco, em contrapartida, vinha fazendo um bom Australian Open. Não sei se sem a dor no pé o espanhol poderia ter obtido outro resultado, mas fato é que Berdych avançou e enfrenta Djokovic nas quartas. Se ambos jogarem um tênis que faça valer suas posições no ranking, será um dos grandes jogos da temporada.

Andrea Petkovic x Maria Sharapova
Outro jogo que não vi, mas que gostaria de ter visto. Não apenas por Sharapova, mas também para poder ver como anda a evolução de seu jogo. Pelo resultado já sei: não anda. Pelo menos não como deveria andar. A pancadaria do fundo da quadra não funcionou desta vez e ela ficou pelo caminho. Achei que a russa avançaria, mas a calibragem dos golpes ainda não se concluiu e ela ficou parou na dançarina alemã. Errando demais, a ex número um não encontrou uma maneira de vencer a rival, que agradeceu, não precisando de muito esforço para avançar às quartas. Vamos ver como será o jogo contra Na Li. Estou ansioso para ver esta partida.

Stanilas Wawrinka x Andy Roddick
Acertei o resultado deste, pois normalmente acerto os resultados dos jogos importantes de Roddick. Não acho que ele seja um tenista digno de estar no top ten, não mesmo. Seu voleio é de um amador e sua troca de bolas não dura muito tempo, e mesmo quando dura, não possui qualquer agressividade. Sem seu saque – que já não causa mais o mesmo temor de antes – fica difícil para o americano vencer um tenista que possua um pouco mais de qualidade e inteligência. E Wawrinka tem os dois. Hoje, pelo menos, foi muito inteligente. Chamou Roddick para a rede e o fez volear. Não é preciso dizer mais nada. Juntando isso ao saque fantástico que apresentou, o suíço avançou sem muitas dificuldades. E se não tivesse errado tantas passadas teria feito o número oito do mundo passar ainda mais vergonha. Grande jogo nas quartas contra Federer, que terá um grande teste pela frente.

Hoje tem mais. Vamos ver como as coisas vão acontecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário