segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Segura o homem!

E mais uma vez aconteceu: Andy Murray não jogou o que sabe em uma final de Grand Slam e o adversário saiu com o título. A diferença desta vez foi que o vencedor jogou de uma maneira tão brilhante que seria difícil para o britânico esboçar qualquer reação. Novak Djokovic, agora bicampeão na Austrália, atropelou sem dó um perdido Andy Murray em Melbourne. O número cinco do mundo vinha de um torneio sensacional, se dizia cheio de confiança e em boas condições mental e física. Mas não foi isso que vimos em quadra, principalmente no segundo set, onde por pouco não levou um pneu do sérvio. Murray teve aqueles jogos tradicionais das finais, onde fica devolvendo bolas com muito menos risco do que de costume, aguardando um erro do adversário. Em boa parte do primeiro set isso deu certo, mas aí Djokovic acordou e a coisa degringolou para o número um da Grã-Bretanha. Os dois sets finais foram um atropelo de rolo compressor do sérvio, sem qualquer chance de reação para qualquer tenista que estivesse do outro lado. Qualquer um.

Novak Djokovic, o Nole, mereceu o título. Como eu disse aqui na véspera da primeira semifinal masculina, ele e Federer jogavam o melhor tênis do torneio, mas o sérvio repetia atuações sensacionais jogo a jogo, ao passo que o suíço tinha seus constantes apagões. Por isso, pelo menos nesta edição do Australian Open, venceu o melhor. E tenho certeza de que disso ninguém duvida. Queremos ver agora uma briga mais acirrada no topo. Nadal tem muitos pontos a defender nesta próxima parte da temporada, enquanto Federer e Djokovic não. Se ambos jogarem o melhor de seu tênis, teremos um ano espetacular para o esporte! Aguardemos ansiosamente o que vem por aí.
Quanto a Murray, honestamente acreditei que desta vez sua cabeça fosse deixá-lo em paz e o pobre rapaz fosse levar o título. Tênis para isso ele tem, mas parece que sempre o deixa no vestiário nos dias de final de Grand Slam. Quem sabe não seja a hora de mudar de treinador? Alguém com mais agressividade, que o faça ir para cima dos adversários sem medo, que o faça acreditar que é possível, seria mais indicado para ele agora, antes que seja tarde demais.

De qualquer forma, a temporada se iniciou de maneira sublime. Vamos ver se não teremos mais do mesmo ao longo do ano e poderemos ver mais momentos com Djokovic e Murray em finais, vencendo e colocando fogo na parte de cima do ranking.

E quanto ao sérvio... Bom, se continuar com essa bola que jogou na terra dos cangurus, vai ficar difícil, viu? Segura o homem!

Ela merece!

Que grande jogo tivemos nesta manhã de sábado (noite na Austrália)! A final feminina do Australian Open reuniu as duas melhores jogadoras do torneio: Kim Clijsters – que, para mim, com a aposentadoria de Henin passou a ser a melhor em atividade – e Na Li. Uma, tricampeã do US Open, ex número um do mundo e em ótima forma técnica. A outra, fazendo história em seu continente, chegando a uma final de um torneio de Grand Slam pela primeira vez, jogando um ótimo tênis. A primeira chegava como favorita, a segunda como azarão, mas a coisa quase se inverteu na hora que a bola começou a viajar pela quadra.

Na Li fez um belo primeiro set, enquanto Clijsters errou muito e não conseguiu manter o equilíbrio do jogo por muito tempo. Resultado: perdeu a primeira parcial. Mas a partir da metade do segundo set as coisas começaram a andar bem para a belga, que venceu com certa facilidade. A chinesa começou a pressionar mais, errar mais e Kim a errar menos, controlando cada vez melhor os pontos e o jogo. No fim, venceu a melhor. Melhor na partida, melhor no torneio, melhor no circuito. Ela agora parte em busca do primeiro lugar do ranking mais uma vez, já que subiu uma posição e está bem perto de Wozniacki, que defende muitos pontos este ano. Vamos ver como será sua temporada.

Ficam aqui os parabéns à chinesa, que fez uma campanha extraordinária. Mais do que isso, faz uma temporada extraordinária, perdendo pela primeira vez no ano nesta final contra Clijsters, tendo sido campeã em Sydeney. Eu falava dela desde o início do torneio, que vinha quietinha, à margem das câmeras, e que poderia chegar muito longe em Melbourne. E chegou. E, por pouco, não ficou com o título. Espero que ela mantenha o ritmo ao longo do ano. A WTA está precisando ganhar emoção. O jogo de pancadaria e/ou de balõezinhos lá do fundo da quadra precisa evoluir, precisa melhorar. Henin abandonou a carreira. Vamos ver se Serena volta a jogar com um pouco mais de vontade e Clijsters joga mais torneios. Precisamos de um pouco mais de inteligência e habilidade dentro da quadra. Os fãs agradecem.

Quanto a Clijsters, não há muito o que dizer que eu já não o tenha feito ao longo deste torneio. A belga joga um tênis gostoso de ver, é muito carismática, ilumina o circuito com seu sorriso despojado e é a mais talentosas de todas as tenistas que estão aí. Tomara que jogue muito ainda este ano, pois queremos vê-la levantar muitos troféus. Ela merece!

sábado, 29 de janeiro de 2011

E agora, o que será?

“Como será amanhã? Responda quem puder”. É assim que começa uma das canções mais famosas da música brasileira, eternizada na voz de Simone. E foi tentando responder a esta pergunta que passei os dois últimos dias, desde a vitória de Andy Murray sobre David Ferrer. Não estamos acostumados a isso no mundo do tênis: há muito tempo não se via uma final de um grande torneio sem Nadal e/ou Federer. O último Grand Slam em que isso aconteceu foi em dois mil e oito, quando Djokovic venceu Tsonga neste mesmo aberto da Austrália, conquistando seu primeiro e único título de major. E tenho certeza de que o fato de o número um ou o número dois do mundo não estar do outro lado da quadra é estranhíssimo para os dois jogadores que se enfrentarão amanhã em busca do feito épico que é vencer um torneio de Grand Slam. Andy Murray tenta sua primeira conquista deste porte. Já bateu na trave algumas vezes, mas sempre encontrou o suíço ou o espanhol pelo caminho. Djokovic tenta o bicampeonato na terra dos cangurus e também segundo major na carreira. Quem leva vantagem? Qual a importância desta final para o porvir deste esporte que enfrenta a hegemonia Nadal-Federer há mais de cinco anos?

Vou tentar responder à pergunta mais fácil primeiro. Qual a importância de uma final de Slam, depois de tanto tempo, sem os dois melhores tenistas da atualidade? Enorme. Não somente pela final em si, mas para o que ela pode representar para os dois jogadores envolvidos. Em dois mil e oito, quando o sérvio venceu, seu tênis não era sombra do que vem apresentando hoje, que está cada vez mais agressivo, sólido e consistente. Seu preparo físico também evoluiu – apesar de ainda não ser o adequado para um top 5 – e sua cabeça, que sempre foi um de seus principais adversários, melhora mais e mais a cada dia. O jogo contra Federer na semifinal foi um exemplo disso. Parecia que era Djokovic quem defendia o título, que ele era o favorito, tamanha a confiança com que entrou em quadra e mandou o suíço de volta para casa mais cedo. Golpes certeiros, rápidos e muita força física não deram a menor chance para o número dois do mundo. Uma nova conquista de Grand Slam neste ponto de sua carreira pode lhe fazer acreditar que é possível vencer e chegar ao topo, coisa que acho que sempre o atrapalhou nos momentos decisivos. Em quase todas as oportunidades em que estava chegando perto demais do número dois do ranking da ATP sua performance caía absurdamente. Agora não vejo mais isso acontecendo e creio que a vitória amanhã lhe dará toda a confiança que precisa para ir em busca dos dois “intocáveis” tenistas que estão acima dele.

Por outro lado, Murray é um jogador extremamente habilidoso, versátil e competente. Defende de uma maneira que só Nadal sabe fazer atualmente. A capacidade de fazer reviravoltas em seu jogo durante uma partida é única no circuito. O que lhe falta? Duas coisas: cabeça no lugar e confiança. Ok, falta um pouco mais de agressividade a seu jogo e subidas mais eficientes à rede, mas nada que sua competência ímpar do fundo da quadra não minimize. O que vejo que realmente precisa evoluir no britânico é sua estabilidade emocional. Acho até que ela também afeta sua confiança. Amanhã ele terá sua prova de fogo. Se tiver controle para fazer seu jogo com inteligência e vencer um embaladíssimo Djokovic na final de Grand Slam que entra com mais chances de vencer, provará para o mundo e principalmente para si mesmo que é digno do topo. E Andy Murray confiante e sem a paranóia dos Slams não vencidos, sem a pressão dos britânicos que não vencem um major há mais de setenta anos, pode ser ainda mais perigoso.

Mesmo correndo o risco de contrariar alguns dos maiores nomes do tênis e do esporte mundial, não acho que o top 5 atual seja o pior da história. Certamente não é o melhor, mas ainda acho que está longe de ser o pior. Murray e Djokovic são excelentes jogadores. Neste início de temporada estão jogando melhor do que os dois primeiros do ranking. Soderling vem evoluindo, mas não acho que ele esteja no nível dos outros quatro, apesar de estar na frente de Murray até o momento. Agora, daí pra cima realmente a coisa complica. Aí sou obrigado a concordar com Sampras...
Resumindo o que quero dizer, uma final entre Novak Djokovic e Andy Murray pode ser o início de uma era de disputas mais equilibradas e títulos mais distribuídos; pode iniciar uma era de várias grandes disputas e rivalidades, não se limitando a apenas dois tenistas. Tenistas sensacionais, mas apenas dois. É pouco. Quem acompanha tênis desde o fim dos anos oitenta como eu o faço, sabe o que estou falando. Quem é mais antigo ainda, nem se fale...

Imagino que, se Murray vencer, pode ser o despertar de uma fera que vem ensaiando a fuga da jaula há algum tempo. Joga demais o escocês. Se aprender a subir à rede com mais freqüência e a escolher melhor os momentos para fazê-lo, pode se tornar um novo fenômeno do esporte. Se o sérvio levar a melhor, pode começar a acreditar que também tem o direito de ganhar vários Slams e continuar a soltar as bordoadas que distribuiu em Melbourne ao longo do ano. O jeito é esperar mais algumas horas para ver qual será o caminho que se desenhará para os dias que vêm por aí.

Já a outra pergunta, essa é complicada demais. Quem leva vantagem amanhã? Não sei mesmo afirmar uma resposta. Não me obriguem a dizer um nome, pois não tenho certeza de nada. Quando penso em Djokovic, me lembro da barbaridade que Murray jogou ao longo do torneio, principalmente contra Ferrer, onde soube achar um caminho para uma grande vitória. Quando penso no escocês, penso na quantidade de pancada e na velocidade que o sérvio impõe ao jogo e o quanto sufoca o adversário no fundo da quadra. Mas, como tenho que dar uma resposta, vou de Andy Murray. Acho que se estiver com a mão calibrada e os nervos no lugar, leva essa. Ele já vem merecendo há um tempo.

Quem comemora amanhã? Só esperando pra ver.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Que semifinais!

Grandes jogos nesta primeira noite de semifinais do Australian Open! Sem muita embromação, vamos a eles!

Caroline Wozniacki x Na Li
O jogo que mostraria de verdade se a número um do mundo estava preparada para vencer um Grand Slam não foi muito diferente do que eu esperava: cheio de possibilidades e com a vitória podendo ficar para qualquer um dos lados. Apostei em Wozniacki porque a solidez que apresenta do fundo de quadra, defendendo muito bem, poderia ser decisiva novamente se Na Li errasse muito. E quase foi assim, quase. No primeiro set a dinamarquesa venceu com certa facilidade. No segundo, chegou a ter um match point, mas não aproveitou e a chinesa acabou vencendo. No terceiro, errando menos, ficou mais fácil para a número onze do mundo vencer a defensiva tenista líder do ranking, que não marcou um único winner sequer nesta parcial. Wozniacki precisa rever sua estratégia. Sem atacar não se manterá onde está por muito mais tempo. Seja como for, a chinesa – que joga um ótimo tênis – avança e enfrenta Kim Clijsters em uma final com gosto de revanche para a belga. É só esperar pra ver.

Kim Clijsters x Vera Zvonareva
Jogo que se desenhou muito diferente do que a maioria previa. A belga número três (agora número dois) do mundo venceu, sem qualquer dificuldade, a russa dos belos olhos azuis. Zvonareva não conseguiu superar o jogo sólido, agressivo e competente de Clijsters, que entrou extremamente concentrada e sem os apagões de partidas anteriores. Como eu disse ontem, a facilidade que encontrava nos outros jogos lhe dava o direito de ousar e tentar mais variações. A belga respeitou Zvonareva e jogou com menos risco, mas não menos agressividade. É impressionante sua capacidade como tenista, dá gosto de ver. Ela agora enfrenta Na Li na final e pode ter sua revanche de Sydney. Grande final, que premia as duas jogadoras que apresentaram o melhor tênis do torneio.

Novak Djokovic x Roger Federer
O jogo mais esperado das semifinais teve um resultado diferente do previsto pela maioria. Não pela vitória de Djokovic, mas por ter sido em sets diretos e sobre um Federer que não conseguiu jogar. O suíço voltou a forçar o jogo do fundo da quadra, sem a agressividade que o fez atropelar Wawrinka, e vencer os dois primeiros sets contra Simon, por exemplo. Mas quem viu o jogo sabe que isso se deu porque o sérvio jogou demais e não deixou o número dois do mundo jogar. Ele distribui pancada atrás de pancada, bolas muito rápidas e certeiras, além de ter sacado melhor hoje. A vitória foi justa e Federer foi bastante elegante ao dizer após o jogo que hoje ele enfrentou alguém que estava melhor do que ele na quadra, simples assim. Djokovic agora espera o resultado da semifinal entre Andy Murray e David Ferrer para ver quem será seu adversário em mais essa final de Australian Open. Bi campeonato à vista? Só esperando para ver.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Adeus que a gente não quer dar: Justine Henin


Hoje, vinte e seis de janeiro de dois mil e onze, através de uma carta publicada em seu perfil do facebook, a tenista belga Justine Henin se despediu oficialmente do tênis. Uma lesão grave no cotovelo a impede de jogar em alto nível e, consequentemente, competir profissionalmente. É uma pena, mas temos que dar adeus a uma das maiores jogadoras de tênis de todos os tempos e, na minha opinião, a melhor dos últimos quinze anos, pelo menos.

Henin era dona de um estilo próprio, arrojado e agressivo. Seu backhand com apenas uma das mãos, coisa raríssima de se ver no tênis feminino – e nos dias de hoje até mesmo no masculino –, era avassalador: potente e preciso, causava estragos nas defesas adversárias. A belga que venceu sete vezes torneios de Grand Slam (um Australian Open, quatro Roland Garros e dois US Open), uma olimpíada (Atenas, 2004) e quarenta e três torneios WTA, era dona de um jogo rápido e versátil, com muitos golpes e variações. Não foi à toa que ficou sessenta e uma semanas consecutivas no topo do ranking e cento e dezessete no total (12ª e 7ª da história, respectivamente).
Lembro-me da primeira vez que a belga anunciou sua aposentadoria, em dois mil e oito, na primeira posição do ranking, no auge da forma, com milhares de pontos à frente da segunda colocada. Não entendi nada, mas não se pode lutar contra a falta de motivação de um atleta. Só me recordo de ter ficado chocado e triste, pois vê-la jogar me fazia bem, mas ainda pensava que poderia haver uma “desistência de desistir” de sua parte, o que acabou acontecendo dois anos depois. Agora é diferente, é o corpo quem manda, e quando ele quer, o atleta tem que obedecer, não tem jeito.

A aposentadoria de Justine deixa um vazio no tênis atual, onde a maioria das atletas joga na base da força, soltando golpes potentes do fundo da quadra, com pouquíssimas variações e/ou alternativas. Sua compatriota Kim Clijsters é uma rara exceção, mas de maneira geral, não vemos mais jogadoras versáteis no circuito. E a melhor delas abandona o esporte agora, vítima do corpo, que não resistiu ao ritmo frenético que a competição em alto nível exige.

A belga deixará saudade e um vazio no coração daqueles que amam este esporte. Boa sorte nesta nova fase, Henin.

Enfim, as semifinais!

Chegamos às semifinais. Quatro tenistas em cada categoria brigam por duas vagas na final do primeiro torneio Grand Slam do ano, que nesta edição não traz muitas surpresas para a reta final. Há, entretanto, promessas de jogos memoráveis que podem entrar para a história. Vamos aos jogos e a uns palpites do que pode acontecer, começando pelo feminino, depois com o masculino. Vamos lá.

Caroline Wozniacki x Na Li
Tem tudo para ser um grande jogo e, honestamente, não creio que Na Li vá avançar. Apesar de estar jogando muito bem neste Australian Open, melhor até do que a rival, a chinesa pode se irritar com as defesas incansáveis de Wozniacki e começar a cometer muitos erros não forçados, o que contra a dinamarquesa é determinante no resultado. A número um do mundo não tem o hábito de atacar – consequentemente erra muito pouco – o que torna fatal cometer muitas falhas contra ela. Tem sido assim durante todo o caminho de sua ascensão ao topo do ranking, e neste torneio não foi diferente: Wozniacki defendeu muito, errou pouco e avançou. Precisa de mais do que isso para se manter como número um e superar tenistas mais habilidosas, com um jogo mais variado do que as que andam por aí, como Clijsters, por exemplo. Na Li, apesar de jogar muito bem, é uma adepta da pancadaria da linha de base com muita velocidade. Se a dinamarquesa resistir a isso, avança. Se a chinesa variar mais o jogo, trazendo a adversária para dentro da quadra, para a rede, forçando-a a buscar alternativas, ela passa. Vamos ver como ambas vão se comportar. Como me obrigo a dar um palpite, vou de Wozniacki.

Kim Clijsters x Vera Zvonareva
Em minha opinião, a final antecipada do torneio. Acho que quem vencer esta partida, vence o Australian Open este ano. Zvonareva bateu na trave nos dois últimos slams. Clijsters venceu o último do ano passado. A Rod Laver Arena vai pegar fogo, com certeza. A russa vem fazendo jogos mais homogêneos, melhorando a cada jogo e ganhando muita confiança. Atacando e defendendo muito bem do fundo da quadra, só foi incomodada quando teve “apagões”. Enquanto a concentração esteve em alta, não deu chance para ninguém. Clijsters, por sua vez, oscila bem mais. Alguns jogos são muito bons, outros nem tanto. Durante os jogos tem momentos brilhantes e outros pífios. O que a diferencia das demais é a imensa habilidade e inteligência. E é isso que tem feito toda a diferença. Na hora que “o bicho pega”, seu talento a tira do buraco e a faz avançar, o que conseguiu fazer sem perder sets na competição até agora. Acredito em um bom jogo e também penso que muitos dos erros que a belga vem cometendo podem ser em função da “facilidade” que vem encontrando nas partidas. Ela ousa mais, arrisca mais, pois sabe que pode não ter outra chance para fazer isso mais para frente. Contra Zvonareva, por exemplo, não vai poder se dar ao luxo de errar tanto. Seu jogo terá que ser mais preciso, mas não menos ousado, agressivo e genial. É uma pena que ambas se enfrentem antes da final, mas não tem jeito. Como tenho que apostar, aposto em Clijsters.

Já no masculino...

David Ferrer x Andy Murray
Este jogo pode ter um resultado inesperado. Ferrer, o único que considero surpresa nas semifinais, não é um tenista conhecido por atacar e sufocar o adversário, mas vai atrás de todas as bolas e comete poucos erros não forçados, o que irrita demais adversários que já tendem a perder a cabeça, o que é o caso de Andy Murray. O número cinco do mundo é, em minha opinião, um dos mais habilidosos tenistas do circuito, mas é também muito instável. Se mantiver a cabeça no lugar e agredir mais – outro problema em seu jogo – pode avançar à sua segunda final consecutiva no Australian Open. O espanhol, por sua vez, vem jogando um tênis mais agressivo do que o de costume, o que pode surpreender, mas também ajudar, o britânico. Murray é “freguês” de Ferrer, mas eu não o subestimaria por isso. Ele fez um torneio espetacular até aqui, apresentando um jogo muito sólido e consistente. Se mantiver o ritmo e, principalmente, a cabeça no lugar, é candidato ao título, mesmo se enfrentar Federer na final. Acho que ele avança.

Novak Djokovic x Roger Federer
O jogo reunirá os dois tenistas que apresentam, em minha opinião, o melhor tênis desta edição do Australian Open. Federer teve alguns de seus apagões, mas quando está em quadra tem sido imbatível, quase perfeito. O suíço está jogando como há muito não fazia, agredindo e sufocando os adversários de uma maneira que os impede de reagir. Que o diga Wawrinka, que tentou de tudo, mas não chegou nem perto de incomodar. Djokovic – que já disse que entra em quadra para esta partida sem nada a perder –, por sua vez, tem distribuído pancada pra todos os lados, não dando qualquer chance aos adversários. É bem verdade que não enfrentou ainda ninguém do nível de Federer, mas atropelou Almagro e Berdych, adversários perigosos (apesar de eu não considerar o tcheco o craque que dizem, ele é perigoso), sem tomar conhecimento. Se o número dois do mundo não se mantiver focado no jogo o tempo inteiro, pode dar adeus à chance de ir a mais uma final de Grand Slam. Aposto em Federer, não só pelo histórico vencedor sobre Djokovic, mas pelo tênis que vem jogando. Se mantiver o ritmo por todo o ano, vai ser difícil não recuperar o número um do ranking e, quem sabe, até vencer os quatro torneios de Grand Slam. A temporada promete. Mas enquanto isso, fiquemos com as grandes semifinais que começam hoje.

Quartas de final do Australian Open – parte 2

Acabaram as quartas de final e os quatro melhores tenistas do mundo no momento em suas categorias foram definidos. Foram grandes jogos nesta segunda noite da rodada. Vamos a eles.

Vera Zvonareva x Petra Kvitova
A russa número dois do mundo fez o que vinha fazendo até aqui neste torneio: jogou muito bem do fundo da quadra, agredindo e defendendo com competência. O resultado disso foi a vitória em sets diretos. E teria sido ainda mais fácil se ela não tivesse passado por um apagão no melhor estilo Roger Federer no segundo set. Tem tudo para fazer um jogo espetacular na semifinal contra Kim Clijsters. E, minha opinião, esta é a final antecipada: quem passar vence o torneio. É esperar pra ver.

Kim Clijsters x Agnieszka Radwanska
A belga jogou muito abaixo do que pode e até mesmo do que vinha jogando. Errando muito no ataque e no saque, Clijsters deu muitas chances para Radwanska crescer no jogo. Apesar do resultado em sets diretos, a número três do mundo não teve vida fácil, sendo salva nos momentos críticos pelo seu enorme talento. Lances espetaculares e bolas inimagináveis a tiraram do sufoco sempre que precisou. Na média, porém, não esteve bem em quadra. Vamos ver se evolui seu jogo para a semifinal, o que precisará muito fazer, pois Zvonareva vem jogando de forma muito sólida e consistente. Se quiser passar pela russa e avançar à final, precisará fazer bem mais do que fez ontem. Seja como for, pelo enorme talento que tem, ainda é, em minha opinião, a favorita ao título.

Andy Murray x Alexandr Dolgopolov
Pela primeira vez neste torneio Murray teve que trabalhar muito para vencer uma partida. O jogo imprevisível de Dolgopolov complicou a vida do britânico que só conseguiu achar seu ritmo no quarto set, quando fechou o jogo com facilidade. Murray enfrenta Ferrer na semifinal, tenista contra quem tem retrospecto negativo. Lembrando que o número cinco do mundo tem que defender os pontos do vice campeonato do ano passado. Apesar de Ferrer vir jogando muito bem este ano e levar vantagem nos confrontos diretos, ainda acho que Murray passa à final.

Rafael Nadal x David Ferrer
O jogo que prometia ser uma barbada para Rafael Nadal se transformou em seu calvário logo no início do primeiro set, quando o espanhol sentiu dores na perna esquerda. Foram vários os pedidos de atendimento médico, mas não teve jeito, Ferrer avança. É importante ressaltar que o número sete do mundo fez, independentemente da lesão de Nadal, uma bela partida, atacando e arriscando mais do que de costume, com belas bolas anguladas e paralelas aceleradas arrasadoras. Mesmo se o número um do mundo não estivesse lesionado, a partida poderia ter sido endurecida para ele, dada a grande atuação do espanhol número dois de seu país. No fim das contas quem avança é Ferrer, que tem um retrospecto positivo sobre Murray. Vamos ver como ele comportará nesse jogo. A rodada promete.

Algo digno de nota nesta rodada foi a postura de Rafael Nadal na partida. Lesionado, sentindo muitas dores e visivelmente fora de condições de disputar a partida de igual para igual, o espanhol não abandonou a disputa e suportou até o fim do terceiro set. Um exemplo de bravura e luta de alguém que não precisava mais disso, pois já havia conseguido defender os pontos que consquistara no torneio no ano passado. Não sabemos o quanto este comportamento pode agravar a lesão e prejudicar o resto da temporada do número um do mundo, mas fica um aplauso de pé para ele pela postura de vencedor, desportista e cavalheiro.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Entrevista: Alexandre Borges, criador do projeto Tênis na Lagoa

Recentemente publiquei como foi minha visita ao projeto Tênis na Lagoa, obra social que envolve nosso esporte na zona sul do Rio de Janeiro. Naquela ocasião fiz uma entrevista com Alexandre Borges, criador e mantenedor do projeto. Publico abaixo o resultado deste bate-papo, que foi muito esclarecedor e descontraído. Como disse no outro post, ele é um cara muito fácil de se relacionar, divertido e muito atencioso. E não poderia ser diferente, pois o trabalho que conduz e, principalmente, a forma como o conduz é admirável. Leia e veja você mesmo como funciona o Tênis na Lagoa e, se possível, ajude-o a conduzir esta bela obra. As crianças agradecem. Sempre lembrando que os destaques em negrito são por minha conta.

Primeiramente, gostaria de lhe agradecer pelo tempo cedido. Obrigado mesmo. Bom, para começar, vamos falar um pouco de você. Como foi e quando se deu seu primeiro contato com o tênis? Como este esporte entrou na sua vida? Você ainda joga?
Foi pela televisão, com meu pai, assistindo a um jogo, tinha mais ou menos seis ou sete anos. Meu pai viu meus olhos brilhando para o tal jogo, e perguntou se eu queria conhecer o esporte, e prontamente eu quis. Profissionalmente, não jogo não, só por lazer ou nas aulas.

Como surgiu a idéia de criar um projeto social?
Dava aula na Lagoa, e sempre via os boleiros dos clubes passando pela quadra, e eu e uma amiga, que dava aula junto, resolvemos fazer um torneio para estes boleiros, só para movimentar, e demos conta que era um número muito grande de crianças que queriam conhecer este esporte, mas não tinham a oportunidade. Então, neste torneio – que foi no dia das crianças de dois mil e três – veio a ideia de formar um projeto para eles terem a condição de ter um lugar para jogar, já que nos clubes em que trabalhavam como boleiros eles não podiam jogar. Enfim, um chama o outro, que chama o outro, aí já viu. Formamos o Projeto Tênis na Lagoa. Fomos em escolas públicas dos bairros perto e convidamos mais crianças.

Com a idéia em mãos, como foi o processo de pô-la em prática? Você enfrentou muitas dificuldades burocráticas? Como as autoridades (governo municipal, estadual, etc.) reagem a esse tipo de iniciativa? Há apoio institucional ou “a briga é feia” pra tirar a idéia do papel?
Fomos na subprefeitura da zona sul, e pedimos permissão para utilizar as quadras, para dar aulas a crianças carentes, e eles prontamente apoiaram, e até hoje eles sempre nos apoiam, cedendo o espaço para as aulas e dando autorizações para os eventos que realizamos todos os anos: Maio - aniversário do projeto / outubro - dia das crianças / Dezembro - Natal. Deixo bem claro, não recebemos verba alguma da subprefeitura, apenas temos esta parceria de ela nos conceder o espaço para as aulas e para as festas.

Fala um pouco pra nós do que é o “Tênis na Lagoa”. Quando ele iniciou? Como funciona? Quem é beneficiado por ele?
O Projeto Tênis na Lagoa é um projeto sem fins lucrativos, que visa transformar crianças sem oportunidades em grandes cidadãos, dar a elas uma visão do que é um excelente esporte como o tênis e, é lógico, se alguma despontar vamos ficar muito felizes. Mas nosso objetivo maior é transformar cidadãos, ensiná-los a ter respeito pelo próximo, respeito por si mesmo, dar concentração, coordenação motora, relacionamento interpessoal, etc. Todas as crianças que morem em comunidades, ou que não tenham condições de pagar aulas, que estejam matriculadas em escolas públicas, e ter de seis a dezoito anos, serão muito bem vindas.

Quantas crianças são atendidas hoje? Elas precisam, obrigatoriamente, estar estudando para participar do projeto, certo?
São setenta e cinco crianças atendidas hoje. Com o começar do ano, ainda vamos ver como ficam estes números. E, sim, elas precisam estar estudando para participar.

Crianças de comunidades mais distantes da zona sul podem participar? Você tem alguma hoje nesta situação?
Podem sim, mas quanto mais longe, mais passagem é gasta. Como eu banco a de algumas, fica meio pesado para mim. Posso citar como exemplo, as duas irmãs gêmeas, mas estas eu não pago a passagem, pois elas vêm para a quadra com o pai. Uma história bem legal. Elas tinham ido ver o Remo no Flamengo, mas chegaram lá e viram que era pago e elas não tinham condições de fazer. Quando passaram pela quadra, ficaram olhando e eu percebi e fui perguntar se elas não tinham interesse de conhecer o tênis. Falei sobre o projeto, que era gratuito, e elas toparam, e hoje amam jogar. Elas moram em Rocha Miranda, e têm quinze anos.

Você tem algum exemplo pra nos dar de algum dos seus alunos que tenha tido impacto direto em sua vida devido ao projeto? Alguma situação em casa ou na escola que a convivência e aprendizado com você dentro do Tênis na Lagoa tenha sido determinante para a melhora de seu comportamento?
Eu acho posso citar o Paulinho, menino pobre, morador da Cruzada, que teria todo o perfil de aos dezesseis anos atuais estar na rua fazendo coisas ruins, devido a um histórico violento em casa, uma situação muito ruim de moradia, de convivência ruim, mas que mudou radicalmente seu comportamento dentro e fora das quadras. A escola é um ótimo exemplo para isso, ele era considerado "um menino problema", que aprontava muito, e hoje ele está bastante comedido. A diretora da escola me liga e me diz como ele está se portando, e posso afirmar que mudou da água para o vinho.

Quando os jovens atingem a maior idade (dezoito anos), como acontece seu desligamento do projeto? Algum jovem já atingiu esta condição? Como eles reagem a isso?
Eles sabem que existe este momento, mas alguns, mesmo com dezoito anos, não se desligam por completo. Eu sinto muita vontade, mas sei que isso é mais para frente, de conseguir dar continuidade para eles, dar algo, que quando completem esta idade, eles possam estar mais encaminhados, mas é algo ainda mais para frente. Sei que vou conseguir. Mas até agora, como vamos completar sete anos, e muitos começaram muito cedo, ainda não tive muitos completando dezoito anos.

A Federação de Tênis do Rio de Janeiro te ajuda ou ajudou em algum momento desde que você começou? Digo, desde a idéia em um papel até os dias de hoje.
Na verdade, como sempre quisemos apenas tirar as crianças do ócio, nunca pedimos nada à federação. Nem nunca divulgamos a ela sobre a existência do projeto, apesar de muitos me conhecerem há mais de sete anos, e sabem indireta, ou discretamente da existência do mesmo. Há dois anos mais ou menos, as crianças começaram a me cobrar que queriam jogar fora das quadras, disputar campeonatos, daí sim, fui na federação e pedi uma ajuda, para que as crianças pudessem ir jogar sem pagar a inscrição, pois como seria eu quem iria pagar estas inscrições, ficaria muito caro para eu sozinho pagar tudo, inscrição, boleiro dos jogos, passagem, e lanche. E até hoje, desde quando eu pedi da primeira vez, eles sempre liberaram a gente das inscrições e, quero destacar, eles tratam todas as crianças com muito respeito.

Você tem algum patrocínio ou parceiro que te ajude a manter o projeto ou é tudo custeado por você? Você obtém algum benefício no momento da aquisição do material de treino?
Temos há um ano e meio a Loja Protenis da Barra nos dando uma força nos eventos, às vezes eles fazem algumas campanhas de materiais usados e consegue custear o lanche que damos às crianças. Já é uma boa ajuda.

O custo do projeto é todo seu? Passagem, lanche dos meninos/meninas, material, tudo você tira do próprio bolso?
Sim, praticamente todo, tenho ajuda de alguns dos alunos particulares que, quando trocam suas raquetes, me dão as usadas. Alguns me dão roupas também. Mas passagem de alguns e lanche nas aulas não dou mais, pois é um custo muito alto, que não posso bancar, infelizmente. Em dias de festas, tenho algumas pessoas que me ajudam sempre, mas nunca peço dinheiro, peço ajuda em material.

Nem mesmo depois da visita de Guga e Luciano Huck ao seu projeto, depois de aparecer na TV na emissora de mais audiência do país ficou mais fácil conseguir expandi-lo, conseguir mais patrocinadores?
Não, consegui mais conhecimento. As pessoas agora sabem da existência do Projeto, sabem que é algo sério. Mas não consegui nenhum patrocinador. E o foco do programa não foi o projeto, e sim ajudar a uma criança.

Sim percebemos claramente que o foco era o Rafael, mas sempre ficamos na esperança de que quem veja ajude, não é? Enfim, os alunos do “Tênis na Lagoa” competem em algum tipo de torneio? Você tem intenção de fazê-los competir, seja em que nível for?
Eles competem os campeonatos estaduais da federação, mas daqui do Rio de Janeiro. Quando este torneio fica fora do município, fica muito complicado de custear a ida.

Você sabe que o tênis é tido como um esporte de elite, infelizmente. Como você vê a aceitação do esporte nessas crianças que participam do projeto? Você, que lida com eles com freqüência, acha que falta o quê para o tênis se tornar um esporte mais popular no Brasil?
Eu acredito que este esporte, para ficar mais popular, seria preciso aparecer um novo Thomaz Koch ou um novo Guga, porque na era Guga, tínhamos muitas crianças que se espelhavam nele, daí cresceu o número de interessados. No futebol tem sempre tem uns dez ídolos por ano no campeonato brasileiro, que ganham muito, e gastam nada para jogar. No tênis, quando aparece um grande ídolo, olha o tempo que leva para ter outro. Alem do mais, o material é caro. Um bom tênis para jogar não sai por menos de quatrocentos reais e às vezes não dura seis meses. Raquetes, bolas, corda da raquete, sai tudo muito caro, fora o espaço (quadras), que não existem tantos no Rio de Janeiro para se jogar. Enfim, um somatório de coisas que fica muito difícil de se popularizar o esporte.

Entrevistei o Jorge Lacerda, presidente da CBT, recentemente e ele disse que a entidade apóia alguns projetos sociais, mas não tem verba suficiente para atender a todos. Ele disse, porém, que os projetos cadastrados com eles ganham o direito de jogar eventos CBT sem pagar taxas e inscrição. Você sabia disso? Você faz uso desse benefício?
Sim sabemos, já conversei sobre as crianças que já jogam federadas de jogarem também pela CBT, mas estamos esperando para ver como fica a política para o projeto.

Muita gente diz que se tivesse tempo se engajaria em projetos sociais. Você certamente tem outras ocupações e emprego. Como é para você a rotina neste projeto? Como você consegue conciliar as coisas?
Acredito que para mim é mais fácil, porque já estou engajado no esporte e vi que dentro daquilo que domino eu podia ajudar. Mas só posso falar de mim. A vida hoje em dia está muito corrida, mas acredito que dentro de cada coisa que o ser humano domina, que se cada um na sua área fizesse algo para ajudar o outro, mudaríamos muita coisa.

Você sente necessidade de expandir o projeto? Que idéias você tem para o “Tênis na Lagoa”?
Sim, só falta um pouco de tempo, dinheiro e estrutura para isso. Tenho alguns planos sim, mas isso ainda é segredo (risos).

Quer dizer que se você achasse algum investidor o projeto poderia atender ainda mais e de maneira mais profunda um número maior de crianças?
Com certeza. Sei que pode ser meio utópico, mas tenho muitos sonhos a realizar para o projeto. Não só no esporte, mas dar condições melhores no esporte e na vida.

Você trabalharia com voluntários? Se alguém tiver interesse em te ajudar, como deve fazer?
Acho que só nas festas. No dia a dia acho muito complicado, pois cada pessoa tem um pensamento, e eu sei o que quero para o projeto, sei da seriedade e da verdade que o faço, sei do amor que tenho por cada criança. Não sei se conseguiria alguém com o mesmo pensamento que o meu. Mas nas festas funciona muito bem. Este ano, na festa de natal, foi a melhor festa que eu fiz, pois os amigos e alguns alunos colocaram a mão na massa e fizeram uma grande corrente, doando-se num domingo ensolarado de dezembro para fazer o bem. Mas a ajuda pode vir de várias maneiras, através de doações de materiais, ajuda nos torneios para levá-los, se tiver alguma clínica ou médico que queira fazer atendimento gratuito. Muita coisa pode ser feita, é só entrar em contato comigo pelo telefone que está disponível no site ou mandando um e-mail. Toda ajuda é bem vinda.

Alexandre, a palavra agora está livremente com você. Use este espaço pra deixar seu recado como desejar.
Gostaria primeiramente de agradecer o espaço. Pessoas como você, que deixam a gente abrir a boca e dão espaço para falarmos de algo sério, algo que acreditamos, não são muitas. Quero que todos conheçam o Projeto Tênis na Lagoa, que é algo que faço por ideal, e não por grana. Quero que as pessoas que o conheçam queiram ajudar. Qualquer ajuda ou proposta de melhoria é muito bem vinda, as crianças agradecem. Não tenho muito a dizer, e sim só convidar as pessoas que quiserem conhecer uma ação social séria e queiram ajudar, é só aparecer. Serão muito bem vindas.

Quartas de final do Australian Open

A primeira noite das quartas de final do Australian Open deste ano foi, realmente, sensacional. Grandes jogos de tênis, mas sem qualquer surpresa nos resultados, pelo menos para os que eu esperava que acontecessem. Todos os tenistas que acreditei que avançariam assim o fizeram. Vamos aos jogos.


Na Li x Andrea Petkovic
A chinesa fez o dever de casa direitinho e passou por Petkovic com bastante facilidade. Depois de um começo ausente da quadra, Na Li se recuperou e atropelou. Venceu seis games seguidos e fechou o primeiro set. Na segunda parcial a tenista dançarina alemã conseguiu equilibrar um pouco mais o jogo, mas a solidez do jogo da chinesa acabou prevalecendo e a partida se definiu ali mesmo, sem direito a terceiro set. Ela agora enfrenta Caroline Wozniacki na próxima rodada. Parabéns a ambas as tenistas. À Na Li por repetir a semi do ano passado e pela belíssima campanha sem perder sets. À Petkovic por ter ido tão longe e jogando bem. Esperamos, pelo bem do esporte, que ela continue nessa bela ascendente.

Roger Federer x Stanislas Wawrinka
O jogo-duelo entre suíços e o responsável por me manter acordado até duas horas da madrugada, foi um passeio do tenista ex-número um do mundo. Não porque Wawrinka tenha jogado mal, muito pelo contrário, mas porque Federer jogou e sacou – principalmente – demais. Seu jogo foi sufocante e não permitiu que as boas variações e alternativas do rival surtissem efeito. O número um de seu país anulou o excelente saque do número dois com ótimas devoluções, ao mesmo tempo em que ótimas variações no ritmo do jogo e no peso da bola não deixavam que Wawrinka impusesse sua estratégia, como o fizera na partida anterior contra Roddick. O resultado foi um massacre rápido e doloroso. Deve ser muito desestimulante e frustrante para um tenista quando ele faz de tudo, tenta diversos golpes e estratégias, mas seu adversário parece não dar a mínima para isso e faz seu jogo acontecer de forma natural. O número dois do mundo avança e enfrenta Djokovic, que vem jogando barbaramente. Esse jogo promete.

Caroline Wozniacki x Francesca Schiavone
Mais uma batalha em que a italiana se meteu, mas desta vez saiu derrotada. Mas perdeu apenas a partida, pois foi recompensada pelo excepcional torneio com o posto de número quatro do mundo que virá na próxima semana. Schiavone jogou variando muito as jogadas e fez o que se espera quando isso acontece contra Wozniacki: venceu. Mas isso ficou apenas no primeiro set. Depois das batalhas anteriores, o corpo não agüentou mais e vieram os inúmeros erros não forçados e duplas faltas. A número um do mundo só precisou fazer o que sabe muito bem, que é correr, defender e esperar. No fim, a dinamarquesa levou mais uma vez. Ela agora avança, garante a permanência no topo do ranking independente do que aconteça daqui para frente e tem um grande desafio na semifinal: a chinesa Na Li, que joga um tênis muito sólido, consistente e inteligente neste torneio. Vamos ver se ela agüenta o forte ritmo imposto pela asiática. É esperar pra ver.

Tomas Berdych x Novak Djokovic
O jogo que mais prometia nesta noite não foi muito diferente do que vinha acontecendo nos jogos anteriores de Djokovic: um passeio do sérvio. À exceção do segundo set, onde Berdych fez uma bela partida e quase venceu, Nole passeou em quadra e humilhou o tcheco, aplicando duas parciais de 6/1 (o segundo set foi vencido no tie break). Djoko avança e enfrenta um Federer que vem jogando um tênis primoroso, agressivo e exuberante quando não está dormindo em quadra. Se ambos mantiverem o nível, essa semifinal tem tudo para ser um dos grandes jogos da história do torneio.

Hoje temos a segunda parte das quartas de final. Fico com as apostas de sempre: Clijsters e Zvonareva passando com certa facilidade e Nadal e Murray também. Em minha opinião, não vai acontecer qualquer surpresa esta noite. É só aguardar para ver.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As oitavas de final do Australian Open – parte 2

Lá se foi a segunda noite das oitavas de final e com ela alguns favoritos. Infelizmente só vi o jogo de Rafael Nadal, então terei que falar apenas baseado nos números. Antes, porém, lembremos quem apontei como os prováveis sobreviventes à rodada: Nadal, Ferrer, Soderling, Murray, Peng, Clijsters, Pennetta e Zvonareva. Errei três novamente. Agora sim, vamos aos jogos.

Alexandr Dolgopolov x Robin Soderling
Assim como eu, mais da metade do planeta errou esta previsão. Soderling vinha bem demais no torneio, com vitórias convincentes e grandes apresentações. O ucraniano não ligou pra nada disso e venceu o sueco, garantindo vaga nas quartas, onde enfrentará um embaladíssimo Andy Murray. Os números não mentem: cinqüenta winners e apenas vinte e três erros não forçados de Dolgopolov em um jogo de cinco sets válido pelas oitavas de final de um Grand Slam contra o número quatro do mundo. Como o próprio Soderling admitiu depois do jogo, o número quarenta e seis do ranking ATP jogou melhor e mereceu vencer.

Andy Murray x Jurgen Melzer
Falar o quê de um jogo de três sets onde o vencedor perde apenas cinco games, comete apenas dez erros não forçados, encaixa trinta winners e faz quase o dobro do total de pontos do adversário? Andy Murray atropelou mais uma vez neste Australian Open e avançou às quartas. Que venha o ucraniano Dolgopolov!

Petra Kvitova x Flavia Pennetta
Este era o jogo que prometia ser o mais equilibrado, mas Schiavone e Kuznetsova roubaram para si este título em seu histórico jogo. Não apenas isso, o jogo não teve a disputa que julguei que teria. Penetta, que vinha bem, rendeu abaixo do esperado nesta partida. Além disso, nos sets em que foram derrotadas, as duas tenistas não impuseram muita resistência à oponente e os placares não foram apertados e decididos na base de muito suor, como imaginei. Seja como for, Kvitova avança e encara uma sólida Zvonareva nas quartas.

Vera Zvonareva x Iveta Benesova
A russa dona dos mais belos olhos do circuito começou meio perdida – algo que já acontecera antes neste Australian Open – mas depois fez tudo voltar ao normal, manteve a solidez de seu jogo e venceu sem susto em sets diretos. A número dois do ranking vai muito bem no torneio e é forte candidata à final. Pena que, se ela e Clijsters vencerem seus próximos jogos, se enfrentam na semifinal. Gostaria muito de ver uma final entre as duas.

David Ferrer x Milos Raonic
Depois de perder o primeiro set, Ferrer venceu sem muitos problemas e agora enfrenta Nadal, que voltou a jogar como número um do mundo. Isso já basta para dizer o tamanho do problema que o número sete do ranking da ATP tem pela frente. Vale destacar aqui o incrível número de erros não forçados do espanhol na vitória sobre o canadense: dez. Isso mesmo. Em um jogo de quatro sets valendo pelas oitavas de final de um Grand Slam, David Ferrer cometeu apenas dez erros não forçados. Mas, em compensação, acertou apenas vinte e três winners. Contra Nadal não adianta não errar, tem que acertar e atacar muito. Vamos ver.


Agnieszka Radwanska x Shuai Peng
Este jogo me decepcionou por um lado e me deixou empolgado por outro. Radwanska vindo de vários problemas – até quebrar a raquete em uma devolução ela conseguiu – e Peng vindo embalada e de boas apresentações. Achei que a chinesa fosse levar. A polonesa, porém, se superou e, guerreira, venceu o embate e avançou às quartas. Enfrenta Clijsters, que vem jogando muito bem e é a tenista com mais variedade de golpes no circuito atualmente. Vamos ver o quanto sobrou de energia à Radwanska.

Rafael Nadal x Marin Cilic
O único jogo que pude assistir nesta metade da rodada, e logo o que menos precisa de comentários, basta dizer que Nadal jogou como Nadal, e só. Quando o espanhol joga seu melhor tênis não há possibilidades de vencê-lo se o rival não for Federer também em seu melhor tênis (ok, Davydenko também). Simples assim. Ele agora enfrenta Ferrer, velho freguês, na próxima rodada. Vale lembrar que Nadal só precisa defender pontos de quartas de final neste torneio. Enormes chances de o espanhol abrir ainda mais a vantagem que tem no ranking.

Ekaterina Makarova x Kim Clijsters
A partida começou bem equilibrada, com uma quebra para cada lado. Clijsters tinha dificuldades em confirmar os vários break points que teve (foram mais de dez) e o set acabou indo para o tie break. A belga fez valer sua força e experiência e vence com facilidade por sete a três, abrindo um a zero no jogo. Daí pra frente foi fácil. Com duas quebras no segundo set, a vitória veio tranqüila por seis a dois. A número três do mundo enfrenta agora a polonesa Radwanska.

Que venham as quartas!

domingo, 23 de janeiro de 2011

As oitavas de final do Australian Open

As oitavas de final começaram, e começaram muitíssimo bem, obrigado. Grandes jogos durante a noite de ontem e madrugada e manhã de hoje. É sempre uma pena não ter como ver todos eles. Como sempre, falo daquilo que vi e tento dar pitaco baseado em números sobre aquilo que não vi. Vamos lá.

No post de ontem lancei minhas apostas a respeito de quem sobreviveria a esta rodada e avançaria no torneio. Dos jogos de ontem na Austrália, os palpites foram: Wozniacki, Kuznetsova, Sharapova, Na Li, Verdasco, Djokovic, Wawrinka e Federer. Errei três. Vamos aos jogos.

Caroline Wozniacki x Anastasija Sevastova
Este jogo eu vi. Vi e não gostei. A partida começou bem interessante, com Sevastova dificultando demais a vida da número um do mundo, inclusive quebrando seu saque logo no primeiro game do primeiro set. A número quarenta e seis do ranking jogava com variações interessantes, tirando um pouco o peso da bola, fazendo a dinamarquesa correr muito em várias direções, subir à rede e tendo que atacar para tentar os pontos. Essa foi a chave da vitória que se construía fácil para a letã. Até que, sem que eu pudesse perceber o motivo, ela parou de jogar dessa maneira e começou a bater fundo da linha de base. Wozniacki fez o que sabe fazer muito bem: se defendeu e esperou. A quebra veio no sexto game e daí pra frente a cabeça de Sevastova se perdeu. A confiança de que poderia vencer se abalou e os erros aumentaram demais. Com muitas pancadas do fundo da quadra e poucas jogadas com as variações e bolas com mais efeito e menos peso, o jogo ficou mais para a número um do mundo até que o resultado se confirmou. É uma pena, pois a partida tinha tudo para ser uma grande surpresa e acabou se tornando mais um dos jogos de Wozniacki: ela defende, defende, defende, a adversária erra, erra, erra e no fim ela leva. A seu modo, a dinamarquesa jogou bem, mas ainda precisa aprender a definir os pontos, a atacar e agredir, caso contrário não ficará por muito mais tempo no posto que ocupa no momento no ranking.

Na Li x Victoria Azarenka
Este jogo eu também vi. Já vinha falando da chinesa e gostei de vê-la jogar contra uma adversária que corre bastante e bate muito bem na bola. A pancadaria e velocidades de sempre cansaram a número nove do mundo, que mais contra atacou do que atacou, na verdade. Na Li teve mais do que o dobro de winners e poucos erros não forçados a mais do que ela. Para quem força tanto o jogo, isso deve ser levado em consideração. Eu, particularmente, não sou fã dessa pancadaria sem variação que se tornou o tênis feminino (salve raríssimas exceções), mas, dentro do estilo, a chinesa se destaca. Além disso, vem em grande ascendente, o que foi o motivo de ter apostado em sua passagem de fase. Olho nela.

Roger Federer x Tommy Robredo
Este eu não vi. Infelizmente. Pelo que li e ouvi, o suíço teve mais um daqueles apagões e depois venceu com tranqüilidade, algo que já virou rotina em seus jogos. O que acho importante lembrar é que o número dois do mundo não joga passando bolinha, não joga com bolas altas, não joga para cozinhar a partida e vencer no erro. Federer joga o tempo inteiro no risco máximo, buscando as linhas e os golpes rápidos. Ele sempre tenta fazer com que os pontos acabem rápido. Isso, é claro, eleva o número de erros e exige um nível de concentração altíssimo. Ele não é o mestre na arte de manter o foco o jogo inteiro, então é normal que venham os apagões. O problema é que estes estão cada vez mais freqüentes e duradouros. Mesmo assim, ele continua vencendo, e vencendo bem. Uma coisa também deve ser dita: em jogos com adversários “do topo” o suíço joga com mais foco e “desliga” com muito menos freqüência do que em jogos teoricamente mais simples. Talvez ele esteja chegando ao ponto da falta de motivação para jogar. Seja como for, o atual campeão do torneio avança mais uma vez às quartas de final.

Novak Djokovic x Nicolas Almagro
Não vi o jogo também, mas não acho que tenha perdido grandes coisas. Djokovic atropelou e avançou. Um bom número de aces, poucos erros não forçados e muitos winners. Acho que o sérvio, finalmente, decidiu jogar como número três do mundo neste torneio. Acho que fará um dos melhores jogos do ano contra Berdych. É aguardar pra ver.

Francesca Schiavone x Svetlana Kuznetsova
Batalha épica na Hisense Arena! Creio que demorará para o tênis feminino ver um jogo tão duro, suado, brigado, com reviravoltas, coração, alma, dedicação e longo como este. Parabéns às duas tenistas! Apostei em Kuznetsova pois vinha em ascensão e jogando muito bem, com muita confiança e robustez, o que só aumenta os méritos da italiana, que salvou seis match points antes de vencer a partida. Sensacional! O tênis agradece.

Tomas Berdych x Fernando Verdasco
Outro jogo que não vi e errei o resultado. Não apostei no tcheco porque desde Wimbledon – que o levou ao top ten – ele não joga um tênis digno da posição que ocupa no ranking. Seus resultados desde o Grand Slam britânico são inconstantes e a pífia participação no ATP Finals do ano passado me tiraram a fé em suas qualidades. Comecei a questionar se ele não seria um daqueles atacantes no futebol que entra em um jogo, faz cinco gols e nunca mais se ouve falar dele. Um jogador de um torneio só, sabe? Verdasco, em contrapartida, vinha fazendo um bom Australian Open. Não sei se sem a dor no pé o espanhol poderia ter obtido outro resultado, mas fato é que Berdych avançou e enfrenta Djokovic nas quartas. Se ambos jogarem um tênis que faça valer suas posições no ranking, será um dos grandes jogos da temporada.

Andrea Petkovic x Maria Sharapova
Outro jogo que não vi, mas que gostaria de ter visto. Não apenas por Sharapova, mas também para poder ver como anda a evolução de seu jogo. Pelo resultado já sei: não anda. Pelo menos não como deveria andar. A pancadaria do fundo da quadra não funcionou desta vez e ela ficou pelo caminho. Achei que a russa avançaria, mas a calibragem dos golpes ainda não se concluiu e ela ficou parou na dançarina alemã. Errando demais, a ex número um não encontrou uma maneira de vencer a rival, que agradeceu, não precisando de muito esforço para avançar às quartas. Vamos ver como será o jogo contra Na Li. Estou ansioso para ver esta partida.

Stanilas Wawrinka x Andy Roddick
Acertei o resultado deste, pois normalmente acerto os resultados dos jogos importantes de Roddick. Não acho que ele seja um tenista digno de estar no top ten, não mesmo. Seu voleio é de um amador e sua troca de bolas não dura muito tempo, e mesmo quando dura, não possui qualquer agressividade. Sem seu saque – que já não causa mais o mesmo temor de antes – fica difícil para o americano vencer um tenista que possua um pouco mais de qualidade e inteligência. E Wawrinka tem os dois. Hoje, pelo menos, foi muito inteligente. Chamou Roddick para a rede e o fez volear. Não é preciso dizer mais nada. Juntando isso ao saque fantástico que apresentou, o suíço avançou sem muitas dificuldades. E se não tivesse errado tantas passadas teria feito o número oito do mundo passar ainda mais vergonha. Grande jogo nas quartas contra Federer, que terá um grande teste pela frente.

Hoje tem mais. Vamos ver como as coisas vão acontecer.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Que venham as oitavas

Lá se foi a terceira rodada, joio separado do trigo e chegou, enfim, a hora de passar pela porta estreita. Muitos foram chamados, poucos os escolhidos e, destes, apenas um erguerá a taça. Sobraram no torneio os dezesseis melhores homens e mulheres tenistas do momento, que brigam pelo título do primeiro Grand Slam da temporada. Vou falar um pouco sobre o último passo antes das oitavas de final, separando a análise entre homens e mulheres, diferentemente do que vinha fazendo até aqui, quando separava por dia.

Comecemos pelo feminino. A rodada começou com Caroline Wozniacki fazendo uma belíssima apresentação diante de sua recente algoz em Sydney, Dominika Cibulkova. A dinamarquesa foi muito sólida do fundo da quadra, conseguindo conter muito bem os ataques agressivos da adversária, que cometeu muitos erros não forçados. A número um do mundo demonstrou muita paciência e soube esperar o resultado acontecer, sem precisar atacar muito. A eslovaca, por sua vez, não soube variar o jogo e sair da armadilha de Wozniacki, insistindo em pancadas do fundo da quadra. Resultado justo e que mostra bastante evolução da líder do ranking, que só precisa aprender a jogar um pouco mais no ataque – para evitar correr tanto – e lidar melhor com jogadoras que variam mais o jogo, sem tanta pancadaria da linha de base. Sua sorte é que existe pouquíssimas que fazem isso hoje em dia.

Depois de Wozniacki veio minha grande decepção no Australian Open até aqui: a derrota de Justine Henin. Não vi esse jogo, mas os números não mentem: a belga teve rendimento muito abaixo do normal. Não sei se a dor no cotovelo que já a incomodou na partida contra Baltacha voltou a dar as caras, mas fato é que a ex número um do mundo está fora do Australian Open. Uma pena, já que ela é uma das poucas que ainda faz algo diferente da pancadaria do fundo da quadra que reina na WTA hoje em dia.

Depois do abandono de Venus no segundo game do primeiro set (sem comentários), foi a vez de Sharapova entrar em quadra. Outro jogo que, infelizmente, não vi. Infelizmente. Admiro a carreira da russa. Não a considero uma tenista dona de recursos espetaculares ou de grandes variações, mas no que se propõe a fazer, ela faz bem. Ninguém ganha três torneios de Grand Slam e se torna número um do mundo por sorte. Além disso, essa sua nova fase da carreira, o reencontro com seu jogo pós-lesão, tem sido muito interessante. Já escrevi aqui sobre o que penso a respeito disso. E continuo achando que ela voltará ao topo, assim que achar uma nova maneira de sacar e atacar dentro das limitações que seu corpo lhe impõe agora. A russa ainda erra muito, mas também força muito o jogo. Vamos ver até onde ela vai. Já é uma vencedora por ter chegado até aqui depois de tudo que passou recentemente.

No primeiro dia da terceira rodada foi isso: digno de nota é a vitória de Na Li. A chinesa vem por fora dos holofotes e vem atropelando. Olho nela.

No segundo dia, Zvonareva suou, mas venceu. Seu jogo continua o mesmo: plantada na linha de base contra atacando muito bem e errando menos do que se esperaria. Assim como Wozniacki, ela faz um bom trabalho do fundo da quadra, mas ainda não tão eficiente como a número um. A seu favor o fato de atacar bem mais e não esperar tanto o jogo acontecer. Ela busca mais o resultado do que a dinamarquesa. Vamos ver como será seu comportamento em um jogo contra alguém que jogue com bolas mais rápidas e que contra ataque bem.

Depois de Zvonareva foi a vez da belga Kim Clijsters entrar em quadra. Irreconhecível, a belga errou demais e quase complica um jogo que não oferecia qualquer risco. No final ela acabou se recuperando e vencendo bem. Acabaram as oportunidades de ter um apagão como esses. Daqui pra frente isso pode ser fatal. Uma bela atropelada nas oitavas pode trazer a boa e velha Kim de volta.

A lamentar, as eliminações de Peer, Stosur (principalmente) e Petrova.

Aguardo ansioso as oitavas. Se fosse apostar nos nomes que vão às quartas, o faria em Wozniacki, Kuznetsova, Sharapova, Na Li, Peng, Clijsters, Pennetta e Zvonareva. Vamos ver, hoje e amanhã, o rumo que as coisas vão tomar.

No masculino a emoção não foi tão grande, salvo algumas exceções. Ferrer, Soderling, Berdych, Verdasco, Almagro, Djokovic e Federer avançaram sem grandes sustos ou maiores problemas. Digno de nota nesses jogos apenas a desistência de Troicki e a surra de Soderling no algoz do brasileiro Bellucci. Roddick levou um susto no primeiro set, mas depois se recuperou e carimbou o passaporte para a próxima rodada.

As decepções da rodada foram Tsonga, que foi atropelado nos dois últimos sets, Baghdatis, que abandonou o jogo no quarto set sem maiores explicações, e Youzhny, um top dez que caiu para o número cento e cinqüenta e dois do mundo.

A batalha da rodada ficou por conta de Isner – como gosta de uma batalha! – e Cilic. Americano e croata lutaram por quase cinco horas e no fim o europeu levou a melhor. Ele agora enfrenta Nadal por uma vaga nas quartas.

E por falar no espanhol, que jogo ele nos proporcionou hoje contra o australiano Bernard Tomic. Aliás, quem nos proporcionou um grande jogo foi este último e não o miura. O jovem talento local não tomou conhecimento de quem estava do outro lado e agrediu muito, com bolas muito rápidas, sempre buscando a linha. Como se diz por aí, teve mais coragem do que juízo. O resultado disso foi que ele converteu mais winners e aces do que o espanhol, em compensação errou muito mais. A vitória de Nadal em sets diretos pode dar uma falsa impressão de que foi conquistada de forma fácil. Não foi mesmo. Foi tudo, menos fácil. Durante o jogo eu comentava que o espanhol cansou, o que ele confirmou após a partida. Fazia muito tempo que eu não via isso acontecer. Tomic deu muito trabalho, valorizou muito a vitória do número um do mundo (o australiano chegou a ter quatro a zero no segundo set). Parabéns ao australiano. Cilic e os fãs de tênis agradecem.

Assim como fiz no feminino, vou arriscar os nomes que passam para as quartas: Nadal, Ferrer, Soderling, Murray, Verdasco, Djokovic, Wawrinka e Federer.

Que venham as oitavas!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O calvário de Bellucci


Muito se fala de Bellucci e de suas atuações, resultados, (falta de) golpes e até mesmo do sangue em suas veias. Depois de sua derrota para o número duzentos e quarenta e um do mundo, o melhor tenista brasileiro da atualidade sofreu milhares de críticas, umas mais outras menos inflamadas, mas todas com seu lado verdadeiro, seu lado exagerado e seu lado, digamos, mentiroso. Vou dizer o que penso...

Hoje mesmo escrevi – e vou repetir aqui – sobre a derrota de Thomaz para Jan Hernych:

O pupilo de Larri ainda precisa melhorar muito seu jogo e, principalmente, sua cabeça para evoluir no tênis e, consequentemente, subir no ranking. Primeiramente, acho que parte dos problemas do brasileiro são as seguidas maratonas que enfrenta. Não me lembro de um jogo seu que tivesse acabado rápido. Ele passa muito tempo em quadra, o que exige demais de mente e corpo. Em um torneio de Grand Slam – onde a pressão é muito maior – jogado sob um sol brutal como o de Melbourne, isso faz muita diferença. É muito difícil conseguir manter dia após dia a concentração alta e o corpo sadio disputando jogos de quatro a cinco horas seguidamente. Devido a isso e a seu jogo inconstante, não vejo sua eliminação como algo precoce, infelizmente. Bellucci ainda não encontrou algo que se possa chamar de regularidade, por isso não considero surpresa que ele seja eliminado em qualquer rodada de qualquer torneio deste porte. Acho que com uma boa sequência em torneios expressivos, chegando às semifinais e até mesmo finais de ATP 1000, poderemos começar a achar prematura sua eliminação em segundas rodadas de Grand Slam. Até lá, tudo que posso achar é que Bellucci é uma promessa do nosso tênis. Uma promessa que já está passando da hora de se cumprir, mas só uma promessa, infelizmente.

Falando especificamente sobre a derrota mencionada acima, ratifico o que falei: acho, mesmo, que Bellucci ainda não “engrenou” e que ainda não confirmou o que o Brasil dele espera. Agora, isso não quer dizer que ele chegou ao top trinta por acaso ou que não mereça estar lá. Ninguém chega lá por acaso. Caroline Wozniacki lidera a WTA e nunca ganhou um torneio de Grand Slam. Justine Henin tem sete títulos desse porte e caiu na terceira rodada. A consistência, freqüência de bons resultados e solidez do jogo fazem um tenista subir e ficar no topo do ranking. Thomaz chegou aonde chegou assim. O problema foi que chegou lá com torneios de pequeno e médio porte. Para subir mais vai precisar de torneios de grande e enorme porte, leia-se master 1000 e Grand Slam. Aí é que acho que a coisa complica para o nosso número um.

Bellucci não tem a tal consistência necessária pra se manter no alto, muito menos a solidez do jogo de um top 10, por exemplo. Esta última ele está buscando com Larri Passos. Acho, honestamente, que é possível que ele melhore muito, a ponto de subir, pelo menos, vinte posições no ranking. Isso, para um país que não tem investimentos ou tradição no esporte é um feito hercúleo. Ser o número trinta do mundo já o é, imagine dez ou quinze? Nunca nos esqueçamos que ele já foi o número vinte e um do mundo. O que falta, então, para subir mais? O que creio que falta muito a Thomaz é cabeça. Não o vejo forte mentalmente para subir muito, a não ser, é claro, que isso mude. Outra coisa que ele precisa melhorar rapidamente é o preparo físico. Bellucci não agüenta uma rotina de jogos muito duros. Ainda acho algumas coisas que me arrisco a dizer:

• Ele deve tentar encurtar mais os pontos e, consequentemente, os jogos. Bellucci não joga, ele disputa batalhas. São sempre três a quatro horas de jogo. Não é para qualquer um passar um ano inteiro nesse ritmo, mesmo com vinte e três anos;

• Ele deve ousar mais, subir mais à rede e agredir mais os adversários. Bellucci tem uma ótima direita, pode buscar bolas mais anguladas e fundas. Isso se resolve com treino, não é obra de mágicos. Basta que ele vá atrás dessa evolução em seu jogo;

• Ele deve parar de ler qualquer coisa que a imprensa brasileira publique sobre ele, inclusive eu. A pressão que se faz para que ele seja um novo Guga é anormal e injusta. É óbvio que ele não será um novo Guga. Não porque não tenha o mesmo talento ou carisma, mas pelo simples fato de que as pessoas são diferentes. Agassi e Sampras são completamente antagônicos, tanto quanto atletas como quanto pessoas, e ambos foram ídolos em seu país. Cada um do seu modo. O Brasil tem que parar de exigir de Thomaz algo que ele não tem a menor condição de dar. Tem, pois, que exigir dele o máximo que ele pode dar. Se isso for ser o número vinte e um do mundo, que assim o seja.

Agora, o que me dá a impressão é que o povo implica com ele porque não vê nele o brio que se espera de um atleta de seu nível. Lembro-me de quando Guga começou sua ascensão. Quantas piadas não se fazia sobre as freqüentes eliminações em quadras rápidas do maior tenista da história deste país? Ironia do destino quando quis que no mais rápido de todos os pisos esse mesmo Guga se tornasse o número um do mundo. Sua evolução nesse ambiente era absurda, mas sua contusão nos privou do prazer de vê-lo jogar e, creio eu, ganhar mais uns três torneios de Grand Slam. Fato é que Bellucci precisa melhorar. Nadal precisa melhorar. Federer precisa melhorar. Guga precisava melhorar. Todos precisam melhorar, por que com Bellucci seria diferente? Aí é que volto à questão do brio. Thomaz parece sempre muito apático e ausente do jogo. Raros são os momentos que o vemos brigar e demonstrar “tesão” por estar ali. O povo brasileiro não gosta disso. Veja o exemplo de Ayrton Senna. Ele foi um ídolo muito maior do que Nelson Piquet, que também é tricampeão e brilhante nas pistas. Sem entrar no mérito do talento, Senna tinha mais carisma – e isso não se aprende, se tem – e falava com o povo brasileiro como se fosse um deles. A alegria de Senna ao pilotar, sua emoção em vencer e o prazer que tinha em dizer que queria trazer alegria ao povo brasileiro o fez ser um dos maiores ídolos do nosso esporte de todos os tempos. Talvez até mesmo o maior de todos. Mesmo que Piquet tivesse o dobro de títulos, não teria o amor do nosso povo como Ayrton tinha e tem até hoje. O próprio Federer sofre dessa implicância. Muitos o acham frio e distante demais, dizem que ele parece jogar como se fizesse um favor a alguém, que não se liga no jogo e tal. Nadal, que sua como se pisasse no sol, corre, se joga e rasga a roupa se for preciso é amado neste país por muitos mais do que o suíço. Bom, pelo menos no domínio de pessoas que conheço este é um fato. O que quero dizer é que falta a Bellucci essa “coisa” com o povo, e isso se conquista com o tempo, mas também com vitórias, regularidade e luta, muita luta. Ficar quatro horas na quadra não significa, necessariamente, lutar. Talvez, se houvesse de fato luta o jogo demorasse duas horas e o resultado lhe seria favorável. Tempo em quadra não quer dizer que deu seu máximo e vice-versa. Nadal e Federer que o digam.

Outra coisa que atrapalhou demais a vida de Bellucci para esta temporada foi sua declaração no fim do ano de dois mil e dez, quando criticou todos os técnicos brasileiros, à exceção de Larri Passos e de João Zwetsch, seu técnico à época. Quase todos os profissionais da área, comentaristas esportivos e boa parte da imprensa criaram, naquele momento, uma rusga com nosso número um. E pode ter sido fruto dessa mágoa a dura crítica de Osvaldo Maraucci ao brasileiro após a eliminação no Australian Open. Pode ser, não tenho condições de afirmar. Seja qual for o motivo, não acho que ele tenha falado uma totalidade de inverdades, mas também não acho que o tom deva ser esse. A crítica foi, claramente, agressiva e destrutiva. O que Bellucci menos precisa agora é disso. Críticas são ótimas, mas quando visam a melhora, a evolução.

Para concluir e resumir, o que acho é que Thomaz tem potencial para ser mais do que é, mas não acho que tenha condições de vir a ser um número um, mas também nem acho que precise sê-lo. O que acho que ele tem que fazer é aprimorar seu jogo, técnica e fisicamente, e aumentar sua capacidade mental (esta nem sempre é possível). Isso o levará a melhores resultados em grandes torneios, o que o fará subir no ranking. Mantendo uma constância de resultados, a credibilidade virá e a paz também. Nesse momento ele deixará de ser promessa e será realidade. Mas só com a regularidade. Sem ela, nada feito.

Nenhuma descoberta sensacional isso que eu disse, mas parece ainda não estar claro para alguns. Só não acho que devamos parar de torcer e apoiar o brasileiro, tampouco de criticar, mas apenas quando a crítica for sadia, sua evolução e não querendo afundá-lo ainda mais mentalmente. Bellucci, meu filho, desligue a TV e a internet, não compre jornal e vá treinar. Se você subir, a galera te perdoa rapidinho. Brasileiro tem memória curta. Liga não...

Só falo daquilo que vi... (2ª Rodada Australian Open - parte 2)

Lá veio a segunda noite da segunda rodada e com ela um longo feriadão no Rio de Janeiro. Devido a isso, perdi muito do que queria ter visto neste Australian Open – como o jogo da Clijsters, por exemplo –, mas ainda deu pra ver algumas coisas interessantes acontecendo. Vamos a elas.


A primeira coisa que vi na TV foi o treino de Rafael Nadal com um dos boleiros de Melbourne (que roupa o americano escolheu, heim?). Como de costume, o touro espanhol não entrou para brincadeiras e passeou em quadra, não dando a menor chance pro adversário – que ainda deve estar sem acreditar que conseguiu quebrar uma vez o saque do número um do mundo – e conquistando sete aces, trinta e seis winners e quase o dobro do total de pontos de Ryan Sweeting (noventa contra cinqüenta e dois). De positivo para os fãs de Nadal, a disposição, concentração e responsabilidade de sempre. De negativo, muitas duplas faltas e erros não forçados. É verdade que o miura forçou bem mais o jogo do que tradicionalmente faz, mas não o vejo em sua melhor forma ainda neste torneio. Mesmo assim, duvido muito que caia antes das semifinais.

O outro jogo que vi – e gostei – foi o de Marcos Baghdatis contra Juan Martin Del Potro. Belo jogo, mas poderia ter sido ainda melhor se o primeiro acertasse seus primeiros serviços com mais freqüência (foram pífios quarenta e sete por cento de acerto) e o segundo fosse ao menos uma sombra do vencedor do US Open de dois mil e nove. Os números não mentem, vejamos: o ciprioata venceu oitenta e oito por cento dos pontos em que disputou com o primeiro serviço; o argentino cometeu quarenta e um erros não forçados. Sem contar o fato de que aquele forehand arrasador que acabou com Federer em Nova Iorque não existe mais, muito menos a confiança para tentá-los com mais freqüência, já que a maioria deles sai no fundo da quadra. Vale destacar a garra usual dos dois tenistas que, nem que seja mais por isso do que pela exuberante técnica, proporcionaram uma agradabilíssima partida de tênis. Baghdatis avança, mas se não melhorar o aproveitamento de primeiro saque não terá como ir muito mais longe no torneio.


Infelizmente foi só isso que vi, mas vamos falar um pouco dos números, começando por Kim Clijsters. A belga humilhou mais uma vez. Sessenta e três pontos a trinta e nove; vinte e um winners a seis. Ruim mesmo foi o número de erros não forçados: vinte e quatro. Se não fosse por eles, provavelmente seria outra bicicleta da número três do mundo. E ela segue no torneio, em minha opinião, favoritíssima ao título.

Jankovic deu adeus e volta pra casa. Honestamente, não entendo muito a sérvia. Tem horas que me dá a nítida sensação de que ela só entra em quadra pra mostrar a beleza que acha que tem. Não vejo, nem nunca vi, na ex número um do mundo motivação e jogo que a fizesse estar no topo do ranking. Que fase vive a WTA... Ao contrário do que disseram, não acho surpresa sua eliminação precoce. Talvez se ela parar de se preocupar com as pernas, o cabelo e as unhas durante as partidas ela volte ao topo. Até lá, será sempre assim.

Fora a eliminação de Jankovic e o susto no primeiro set do jogo de Zvonareva – que ainda vai se ajustando –, de resto ficou tudo normal: Murray cozinhou, cozinhou e levou fácil: três a zero sem qualquer ameaça em um dos sets; e a maioria dos favoritos venceu seus jogos. A lamentar, a precoce eliminação de Llodra, a desistência de Nalbandian e a eliminação do brasileiro Thomaz Bellucci.

O pupilo de Larri ainda precisa melhorar muito seu jogo e, principalmente, sua cabeça para evoluir no tênis e, consequentemente, subir no ranking. Primeiramente, acho que parte dos problemas do brasileiro são as seguidas maratonas que enfrenta. Não me lembro de um jogo seu que tivesse acabado rápido. Ele passa muito tempo em quadra, o que exige demais de mente e corpo. Em um torneio de Grand Slam – onde a pressão é muito maior – jogado sob um sol brutal como o de Melbourne, isso faz muita diferença. É muito difícil conseguir manter dia após dia a concentração alta e o corpo sadio disputando jogos de quatro a cinco horas seguidamente. Devido a isso e a seu jogo inconstante, não vejo sua eliminação como algo precoce, infelizmente. Bellucci ainda não encontrou algo que se possa chamar de regularidade, por isso não considero surpresa que ele seja eliminado em qualquer rodada de qualquer torneio deste porte. Acho que com uma boa sequência em torneios expressivos, chegando às semifinais e até mesmo finais de ATP 1000, poderemos começar a achar prematura sua eliminação em segundas rodadas de Grand Slam. Até lá, tudo que posso achar é que Bellucci é uma promessa do nosso tênis. Uma promessa que já está passando da hora de se cumprir, mas só uma promessa, infelizmente.

Entre abandonos e eliminações, o Australian Open continua e o cerco vai começando a apertar. A semana decisiva está chegando e os verdadeiros desafios também...