sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Só falo daquilo que vi... (2ª Rodada Australian Open - parte 2)

Lá veio a segunda noite da segunda rodada e com ela um longo feriadão no Rio de Janeiro. Devido a isso, perdi muito do que queria ter visto neste Australian Open – como o jogo da Clijsters, por exemplo –, mas ainda deu pra ver algumas coisas interessantes acontecendo. Vamos a elas.


A primeira coisa que vi na TV foi o treino de Rafael Nadal com um dos boleiros de Melbourne (que roupa o americano escolheu, heim?). Como de costume, o touro espanhol não entrou para brincadeiras e passeou em quadra, não dando a menor chance pro adversário – que ainda deve estar sem acreditar que conseguiu quebrar uma vez o saque do número um do mundo – e conquistando sete aces, trinta e seis winners e quase o dobro do total de pontos de Ryan Sweeting (noventa contra cinqüenta e dois). De positivo para os fãs de Nadal, a disposição, concentração e responsabilidade de sempre. De negativo, muitas duplas faltas e erros não forçados. É verdade que o miura forçou bem mais o jogo do que tradicionalmente faz, mas não o vejo em sua melhor forma ainda neste torneio. Mesmo assim, duvido muito que caia antes das semifinais.

O outro jogo que vi – e gostei – foi o de Marcos Baghdatis contra Juan Martin Del Potro. Belo jogo, mas poderia ter sido ainda melhor se o primeiro acertasse seus primeiros serviços com mais freqüência (foram pífios quarenta e sete por cento de acerto) e o segundo fosse ao menos uma sombra do vencedor do US Open de dois mil e nove. Os números não mentem, vejamos: o ciprioata venceu oitenta e oito por cento dos pontos em que disputou com o primeiro serviço; o argentino cometeu quarenta e um erros não forçados. Sem contar o fato de que aquele forehand arrasador que acabou com Federer em Nova Iorque não existe mais, muito menos a confiança para tentá-los com mais freqüência, já que a maioria deles sai no fundo da quadra. Vale destacar a garra usual dos dois tenistas que, nem que seja mais por isso do que pela exuberante técnica, proporcionaram uma agradabilíssima partida de tênis. Baghdatis avança, mas se não melhorar o aproveitamento de primeiro saque não terá como ir muito mais longe no torneio.


Infelizmente foi só isso que vi, mas vamos falar um pouco dos números, começando por Kim Clijsters. A belga humilhou mais uma vez. Sessenta e três pontos a trinta e nove; vinte e um winners a seis. Ruim mesmo foi o número de erros não forçados: vinte e quatro. Se não fosse por eles, provavelmente seria outra bicicleta da número três do mundo. E ela segue no torneio, em minha opinião, favoritíssima ao título.

Jankovic deu adeus e volta pra casa. Honestamente, não entendo muito a sérvia. Tem horas que me dá a nítida sensação de que ela só entra em quadra pra mostrar a beleza que acha que tem. Não vejo, nem nunca vi, na ex número um do mundo motivação e jogo que a fizesse estar no topo do ranking. Que fase vive a WTA... Ao contrário do que disseram, não acho surpresa sua eliminação precoce. Talvez se ela parar de se preocupar com as pernas, o cabelo e as unhas durante as partidas ela volte ao topo. Até lá, será sempre assim.

Fora a eliminação de Jankovic e o susto no primeiro set do jogo de Zvonareva – que ainda vai se ajustando –, de resto ficou tudo normal: Murray cozinhou, cozinhou e levou fácil: três a zero sem qualquer ameaça em um dos sets; e a maioria dos favoritos venceu seus jogos. A lamentar, a precoce eliminação de Llodra, a desistência de Nalbandian e a eliminação do brasileiro Thomaz Bellucci.

O pupilo de Larri ainda precisa melhorar muito seu jogo e, principalmente, sua cabeça para evoluir no tênis e, consequentemente, subir no ranking. Primeiramente, acho que parte dos problemas do brasileiro são as seguidas maratonas que enfrenta. Não me lembro de um jogo seu que tivesse acabado rápido. Ele passa muito tempo em quadra, o que exige demais de mente e corpo. Em um torneio de Grand Slam – onde a pressão é muito maior – jogado sob um sol brutal como o de Melbourne, isso faz muita diferença. É muito difícil conseguir manter dia após dia a concentração alta e o corpo sadio disputando jogos de quatro a cinco horas seguidamente. Devido a isso e a seu jogo inconstante, não vejo sua eliminação como algo precoce, infelizmente. Bellucci ainda não encontrou algo que se possa chamar de regularidade, por isso não considero surpresa que ele seja eliminado em qualquer rodada de qualquer torneio deste porte. Acho que com uma boa sequência em torneios expressivos, chegando às semifinais e até mesmo finais de ATP 1000, poderemos começar a achar prematura sua eliminação em segundas rodadas de Grand Slam. Até lá, tudo que posso achar é que Bellucci é uma promessa do nosso tênis. Uma promessa que já está passando da hora de se cumprir, mas só uma promessa, infelizmente.

Entre abandonos e eliminações, o Australian Open continua e o cerco vai começando a apertar. A semana decisiva está chegando e os verdadeiros desafios também...

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